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março 05, 2005

Estou cansado de ouvir falar em Freud, Jung, Engels ou Marx

Papo de boteco
Por Marcelo Teixeira*

Com o perdão dos amigos que apreciam filosofia tradicional, pois é incontestável sua genialidade e sapiência, mas prefiro o conhecimento popular, os ditados, as sentenças proferidas no bar. E que não se engane quem imagina que não há elaboração no processo de arremate desse tipo de pensamento. As conclusões dessa gente de alma simples são baseadas em observações da labuta diária.
Não há teórico grego, alemão, italiano que seja, mais preciso, compreensível e útil que os conceituais e práticos motoristas, cobradores, taxistas, ascensoristas, recepcionistas, diaristas, jornaleiros, vendedores, seguranças, garçons. Desconhecidos do processo de criação filosófica, são pensadores contemporâneos informais.

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A partir de desamores falam de amor. Quando são traídos percebem o que é desilusão. Ao passarem por frustrações familiares pensam em repressão. Assim que perdem uma pessoa amada analisam a morte. A dor física e a truculência os lembram da violência. Tudo ocorre a partir de emoções pessoais.
Sendo assim, o desenvolvimento do raciocínio leva tempo, mas sua finalização pode ocorrer em um momento, em frente à TV, tomando banho, indo para o trabalho, como ocorre um insight. Nada é anotado, escrito, gravado para depois ser burilado, decantado, ruminado. A simplicidade da sabedoria popular fica no coração das pessoas. E de tão simples pode ser resumida em uma frase.
Esse conhecimento é rápido no que quer dizer, ocupa pouco espaço, não despende debate teórico, é altamente prático e não concentra necessariamente conceitos morais. O melhor de tudo é que pode ser propagado em qualquer ocasião cotidiana, como numa rodada de chope, e acaba provocando risos. Bom mesmo é filosofia de boteco.

* Marcelo Teixeira é jornalista.

Posted by Sandino at março 5, 2005 04:43 AM

Comments

Bicho, pior do que esse treco aí é o cinema cabeça. Prefiro mil vezes assistir "Ressuscitado do Quinto dos Infernos 5" do que aqueles filmes de conteúdo, que os críticos a-d-o-r-a-m mas 99% das pessoas não entende, 0,5% são chegados dos produtores / atores / trabalhadores no filme e os outros 0,5% são críticos.

Posted by: Jean Flávio at fevereiro 22, 2006 03:08 PM

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