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maio 12, 2011

A Era da Mentira
Zillah Branco*
Original Vermelho

Este título é o do livro publicado recentemente pelo egípcio Elbaradei, conhecido diplomata e consultor jurídico na AIEA – Agência Internacional da Energia Atômica -, organismo das Nações Unidas criado com base no conceito de “´Átomos Pela Paz” sugerido por Eisenhower em 1953 quando disse: “Se existe um perigo no mundo, é um perigo partilhado por todos; e, da mesma forma… se existe esperança na mente de uma nação deveria ser partilhada por todos.”
Em 1970 foi elaborado o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares subscrito por 189 países até 2010 com a triste ausência de Israel, Paquistão e India e da desistência da Coreia do Norte que em 1994 assinou um Quadro Acordado apenas com os Estados Unidos.
Ao contrário dos objetivos com que a Agência foi criada, e do uso da diplomacia nuclear que traduzia um compromisso entre os signatários para promover a cooperação tecnológica para o uso da energia nuclear para fins pacíficos e para evitar o crescimento das armas nucleares, após a queda da URSS, cujo poder equilibrava o dos Estados Unidos, cresceu a instabilidade mundial com a proliferação de novas iniciativas de produção nuclear, a AIEA passou a ser pressionada pelos Estados Unidos a denunciar as emergentes ambições nucleares como motivos para serem desencadeadas invasões militares. Os serviços secretos ocidentais foram infiltrados na UNISCOM, - nova Comissão Especial das Nações Unidas que subsidiava diretamente o Conselho de Segurança - e na própria AIEA com a entrada de novos técnicos, o que propiciou o surgimento de falsas informações sobre a preparação de armas biológicas no Iraque logo utilizadas pelos Governos dos Estados Unidos e do Reino Unido como pretexto para desencadear a Guerra do Golfo.
Elbaradei revela grande preocupação em respeitar a cultura e as religiões do povo iraquiano e critica duramente o comportamento tipo cowboy adotado por técnicos norte-americanos das Agências. O mesmo não ocorre ao analisar o trabalho feito pela AEIA na Coreia do Norte em 1992, referindo com sobranceria a falta de conforto em aviões, carros e hotéis, visivelmente pobres e o poder do “Grande Lider” presente em todas os encontros oficiais. Mas em ambos os casos, mostra com riqueza de referências factuais a manipulação imposta pelo governo norte-americano sobre os trabalhos técnicos das agências, inclusive citando frases de Condoleezza Rice que declarou: “a Carta da ONU é baseada no papel primordial e na responsabilidade dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança. Como sabe, a segurança dos Estados Unidos está ameaçada e, portanto, somos livres de tomar quaisquer medidas que consideremos necessárias para proteger a nossa segurança”. Baradei comenta: “Dei por mim grato por ela ter parado antes de dizer que a ONU é o Conselho de Segurança, e o Conselho de Segurança são os Estados Unidos”. A referência que faz ao Vice-Presidente Dick Chenney é breve e conclusiva: “Ele estava sentado atrás da sua secretária, e não perdeu tempo com conversa de circunstância. Tinha uma mensagem direta e simples para transmitir: “Os Estados Unidos estão preparados para trabalhar com os inspetores das Nações Unidas, mas também estão prontos para desacreditar os inspetores, com vista a desarmar o Iraque”.
É difícil para um cidadão comum imaginar a prepotência e a falta de respeito que um técnico do mais elevado nível internacional, se vê obrigado a suportar de políticos grosseiros que falam em nome do imperialismo. O nome e prestígio institucional parecem contar mais que a dignidade humana que é o grande valor de quem não tem riquezas materiais. E esta é a distância que separa os povos em luta pela afirmação nacional e os direitos democráticos dos poderosos imperiais. Talvez Baradei tenha chegado a esta conclusão ao juntar-se ao seu povo, no Egito, no início de 2011 para derrubar o regime autoritário de Mubarak.
É interessante notar que “a era da mentira%

Posted by Sandino at maio 12, 2011 04:21 PM

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